quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vício.

Enquanto viciosamente esperava pelo meu amor,
Enquanto os ponteiros cansados se arrastavam,
        Meu coração batia forte.

Ora era O silêncio e o coração,
Ora, O coração(batendo sem jeito) e o silêncio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Minuto, Minúcia.

Enquanto as horas sambavam e faziam sala,
as rodas brincavam no asfalto claro de tanto desgaste
Enquanto as paredes do veículo nos fornecia uma certa segurança
cantávamos uma Ode ao trem das sete, anunciando a chegada ao sertão e a vida vespertina dos severinos e retirantes
Enquanto observava a secura das árvores no quase nada,
balanceava meu coração nos tempos de outros tempos.

E nisso, Lá se ia mais um dia desse ano Par tao movimentado,
Lá se ia mais um dia minunciosamente observado, tranquilamente passado.
Como as noites lentas do meu interior Paraibano.

Se me perguntarem como foi,
direi certamente que não sei dizer...
Só Sei Que Foi Assim.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Kama

E agora que sei o que é viver de amor,
pra que morrer de tédio? Ou mesmo toddy...
Prefiro esse tal do amor,
será que é assim mesmo que se escreve?
será que é por que tem a ver com O mar?
será que é por que enquanto as ondas vem e vão, alguns pessoas nos enchem de amor, outras nos secam dele?
Sei La!
De qualquer forma, é bom.Ele ao menos tem cor e muito sabor!
De agora em diante...
quero desfilar na passarela do tapete vermelho escarlate, vestindo a camisa do corpo Nu.

sábado, 14 de agosto de 2010

...

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

...

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida

Clarice Lispector